domingo, 10 de fevereiro de 2013


GRAND HOTEL (Or. Four Rooms) - Filmes episódicos são difíceis para mim, admito. Não consigo ver graça. Em quase todos os casos as histórias, quando conduzidas por diretores diferentes, apresentam um abismo entre si, sem conexão entre elas ou uma conexão muito fraca ficando impossível até mesmo ver o todo como se fosse um único filme. Assistir um filme episódico é como andar de montanha russa, muito instável. Em uma mesma obra, pode ter curtas incríveis que você pensa "mas já acabou?!" e tem os outros que você não vê a hora de terminar de tão ruim que são.

Tim Roth, o fio condutor de Grand Hotel

Grand Hotel é um filme com quatro episódios tendo como único link entre eles o papel de Tim Roth (exagerado, como que saído do teatro clown) que trabalha como mensageiro. O filme se passa na noite de réveillon e o primeiro episódio, "The Missing Ingredient", escrito e dirigido por Allison Anders, conta a história de umas garotas que se reúnem no quarto do hotel e decidem dar vida à uma deusa através de uma poção mágica com ingredientes exóticos como sêmen de um virgem, lágrimas e esse tipo de coisa. Madonna é a mais famosa das atrizes deste curta e Tim Roth é, digamos, "convidado" a doar seu sêmen para que a experiência das meninas funcione. É fraco e bobo. Não tem graça e dá para se esquecer dele rapidinho.

"The Missing Ingredient"

Na sequência Alexandre Rockwell dirige "The Wrong Man", que já possui uma abordagem bem mais interessante. Tim Roth atende a um chamado em um quarto e assim que entra é surpreendido por um homem embriagado segurando uma arma acusando-o de ter transado com a sua esposa, que está ali sentada e amordaçada. Entre acusações e ameaças, acaba se descobrindo que tudo não passa de uma armação do marido que gosta de se "fantasiar" de marido traído. Interessante perceber como Rockwell faz bem o uso dos diálogos e planos para sustentar um curta em um único set. 

"The Wrong Man"

"The Misbehavers" é de longe o mais divertido de todo Grand Hotel. Escrito e dirigido por Robert Rodriguez este curta apresenta Antonio Banderas e sua esposa se arrumando para a festa de réveillon, o seu casal de filhos de 6 e 9 anos já estão prontos à espera, mas não querem ir a tal festa. Banderas então convoca Roth pagando-o para que atue como baby-sitter dos seus filhos, aparecendo no quarto a cada hora para ver se precisam de algo. O menino então se empolga ao ver Salma Hayek dançando na TV com o mesmo biquíni que usou em Um Drink no Inferno, a irmã dá umas bebericadas no champanhe que está no quarto e o menino também dá umas tragadas no cigarro do pai. Tudo na inocência, na descoberta. E isso faz deste curta tão engraçado, revelando uma veia forte que Rodriguez levou para seus outros filmes o humor, a criatividade e a boa escolha dos atores, tanto os mirins quanto Banderas, com um bigode canastrão. Aliás Banderas e Rodriguez tinham acabado de filmar A Balada do Pistoleiro na semana anterior à captação de Grand Hotel.

"The Misbehavers"

Quentin Tarantino encerra Grand Hotel com "The Man From Hollywood". O curta se passa na cobertura do hotel quando Tim Roth é convidado para uma festa de quatro pessoas embriagadas que se envolvem com cinema e representa um pouco o sonho de cada diretor de Grand Hotel naquele momento. Entrar para a indústria cinematográfica, se possível pela porta da frente. Sem falar na famosa cena da aposta, que é hilária!

"The Man From Hollywood"

Marisa Tomei e Bruce Willis ainda fazem uma ponta.

Marisa Tomei, sempre bela

Dois curtas ótimos, um mais ou menos e outro fraco. É o saldo de Grand Hotel, que pelo menos tem na história a passagem de dois cineastas com futuro brilhante no cinema e que já mostravam ali do que seriam capaz.

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