quinta-feira, 28 de março de 2013

Cronenberg e a criatura, que permite acessar eXistenZ
eXistenZ (1999) - Vou tentar reproduzir a minha experiência na primeira vez que assisti a eXistenZ. Estava no colégio no final de 2000 e numa madrugada daquelas no SBT peguei o filme do meio e fiquei completamente hipnotizado, sem entender nada da história e ao mesmo tempo sem coragem para desligar a TV ou mudar de canal. "Directed by David Cronenberg" aparecia nos créditos finais e não significava nada para mim, não época não conhecia o diretor. De eXistenZ passsei a outros filmes da sua carreira, foi este filme que me abriu para um mundo bizarro do cinema. Por isso considero até hoje o estranhíssimo eXistenZ o melhor filme da carreira de David Cronenberg.


Pequenas diferenças nos personagens dentro e fora de eXistenZ. Essa é Allegra fora...

...e essa é Allegra dentro do jogo, vivendo em eXistenZ

Allegra (Jennifer Jason Leigh, que dispensou De Olhos Bem Fechados de Kubrick para fazer eXistenZ) é uma famosa criadora de simuladores de realidade virtual que cria o "jogo" que leva o nome do filme. Trata-se de uma meleca bege que funciona como joystick e se pluga fisicamente (como uma entrada USB) à um buraco nas costas do jogador. Ao se plugar o jogador entra na realidade paralela que é exatamente igual a essa, só que com algumas excentricidades (palavra que combina muito bem com o cinema de Cronenberg). 

Na coluna de cada jogador uma entrada para eXistenZ
Ted (Jude Law) "entra" em eXistenZ junto com Allegra e passa a "viver" o jogo. eXistenZ não se joga, se vive. Tanto acontece que eles se questionam o tempo todo se estão vivendo a realidade ou o jogo. Essa confusão entre as realidades, a virtual e a paralela, é um elemento presente e constante no filme. E quando se pensa que acabou ainda há mais por acontecer.


O joystick
eXistenZ é instigante, provocativo. Os personagens do "jogo", assim como os dos jogos de video game, precisam ouvir as respostas certas para seguir em frente, caso contrário eles não executam o que foram programadas a fazer. As pessoas que se plugam em eXistenZ tem as suas vontades e necessidades bagunçadas e misturadas com as do personagem que vivem, muitas vezes eles simplesmente fazem algo sem ter vontade de fazer aquilo. É realmente tudo muito estranho.

Allegra e Ted plugados em eXistenZ

E Cronenberg, como um maestro, rege toda essa orquestra grotesca muito habilmente e escolhe a dedo os seus personagens. Todos os coadjuvantes são esquisitões, tem aquele rosto estranho, escolhas à la Fellini
Mais uma curiosidade. O título eXistenZ tem as letras X e Z como maiúsculas. E não é sem motivo. O filme é produzido por búlgaros e essas duas letras na língua deles formam a palavra "god". Assim é Cronenberg. Nada em seus filmes é por acaso. Nada!        

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