domingo, 21 de abril de 2013



SOUND CITY (2012) - O aguardado documentário Sound City do estreante Dave Grohl chegou causando barulho. Alguns queriam ver por gostar muito dele e da sua história com a música (Nirvana, Foo Fighters). Outros estavam ansiosos para aquele que seria o primeiro registro em vídeo de um dos mais festejados estúdios de música dos EUA. E antes de mais nada já alerto aos dois grupos (eu me enquadrando mais no primeiro do que no segundo grupo) - Sound City vale a pena para ambos e ponto final. Mas ao final do filme, quando se sobem os créditos a impressão que fica é uma só - Dave Grohl não é Midas.

Em Sound City Dave Grohl patina na direção

Não me crucifiquem, sou fã do cara, tenho inúmeros discos do Nirvana, todos do Foo e mais um do QOTSA, em que Dave toca. Mas ele alçou aqui um voo no desconhecido. Talvez entregar a historia de Sound City para um diretor de cinema dirigir - como Scorsese fez em Shine a Light e antes em O Último Concerto de Rock ou os irmãos Maysles fizeram em Gimme Shelter - seria uma saída bem melhor para Dave e renderia, na minha opinião um documentário muito melhor.

Dave Grohl se sente em casa, entrevistando amigos

O filme Sound City na verdade, são dois. O primeiro filme conta a história do estúdio na Califórnia e viaja através das décadas conversando com cada uma das bandas que por lá gravou. Os problemas já começam aqui. A década de 70 é vastamente explorada, com entrevistas com os membros do Fear, Fletwood Mac, Barry Manilow, Tom Petty entre tantos e tantos outros. Eles falam o quanto Sound City era sujo, mal cuidado, fedido, mas ainda assim criava uma sonoridade única em um ambiente perfeito para uma banda tocar.

Sound City

Os anos 80 são tratados como "a passagem daquelas bandas de cabeludos vestidos de mulher" do rock glam. É uma passagem rápida. A década de 90 é totalmente ignorada, reserva-se ao Nirvana. A década de 2000 e 2010 inexiste para o filme, apesar de Sound City apenas fechar oficialmente as suas portas em 2011. Se não tivesse as claquetes separando as décadas poderia até passar batido. O problema disso é que algumas bandas que mereciam um registro maior são totalmente ignoradas no documentário, como Metallica (o Lars fala só em um ou dois trechos), o Weezer (Rivers Cuomo fala uma frase só nos créditos finais), o QOTSA (Josh Homme fala em trechos soltos, mas nunca sobre o processo do QOTSA nos estúdios), o Red Hot Chilli Peppers e por aí vai.

Ilustres entrevistados

O segundo filme mostra a gravação da trilha sonora de Sound City. Dave Grohl comprou a festejada mesa de som do estúdio (pois "ela tem uma história do rock´n roll"), instalou na sua casa e chamou todos os que participaram da filmagem para gravar com ele as faixas da trilha sonora. Fica muito técnico. É legal, mas ao mesmo tempo inegável que nesse momento o filme dá uma caída monstruosa de ritmo. A entrada de Sir. Paul McCartney melhora o final, mas acaba tudo meio assim assim...

Paul e Dave juntos no encerramento de Sound City

Sound City é um bom filme, mas tem graves problemas de ritmo. Tem um abismo separando os dois filmes que o formam e as décadas de 80, 90 e 2000 são muito mal retratadas no filme. Um problema que talvez um diretor de cinema saberia resolver, mas que Dave não soube.  

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