segunda-feira, 26 de agosto de 2013

NA ESTRADA (2012)


NA ESTRADA (On the Road / 2012) - Não se pode começar a falar do filme Na Estrada sem mencionar de cara a importância do livro de mesmo nome. On the Road foi lançado em 1957 por Jack Kerouac e serviu como base-inspiração para toda uma geração que entrava nos anos 60 questionando tudo, principalmente a forma como os jovens eram deixados de lado, sendo obrigados a seguir apenas os mandos e desmandos dos seus pais - os homens geralmente acabavam com a mesma carreira do pai e as mulheres seguiam os passos das mães refugiando-se em cozinhas. Nada mais.

Walter Salles à esquerda durante Na Estrada 

A partir dos anos 60 muita coisa mudou e o livro de Kerouac catapultou toda uma geração que queria algo mais da vida através de Sal e Dean, que assumiram no livro as personalidades de Jack e seu amigo Neal Cassady, que contavam as suas andanças pelas estradas dos EUA por quase uma década. Tudo isso regado a muita bebida, benzedrina e garotas. Por causa do livro Jack Kerouac é considerado um dos principais nomes do movimento beat. Francis Ford Coppola comprou os direitos do livro nos anos 90.

Sal e Dean colocam o pé na estrada

Walter Salles (do também road movie Diários de Motocicleta) topou o desafio de dirigir o filme que chegou aos cinemas em 2012. Nele Sam Riley (o eterno Ian Curtis de Control) faz Sal e seu grande amigo Dean é vivido por Garrett Hedlund. Kristen Stewart a sem-sal menina da saga Crepúsculo vive Marylou a acompanhante deles e de mais tantos outros. Como coadjuvante Na Estrada tem um time de peso - Alice Braga, Amy Adams, Viggo Mortensen, Kirsten Dunst e Steve Buscemi.

Marylou, uma jovem de muitos amores

Seguindo boa parte como retrato fiel do livro, os dois amigos viajam de forma errante e nem sempre lado a lado algumas cidades norte-americanas (Denver, Alabama, Colorado, Texas, Louisiana...), seja dirigindo carros roubados, de carona ou a pé mesmo. Comida vem de gratidão das pessoas que encontram ou fruto de pequenos roubos a mercearia e essas coisas. Dinheiro é quase nulo.

Alice Braga

A polícia os para o tempo todo, a maioria das vezes por dirigir em alta velocidade ou por suspeitar do uso de drogas, o que é constante. O principal estimulante é a benzedrina que tomam junto com café. O lema deles é aproveitar o momento como se fosse o último.

Viggo Mortensen

Sexo acontece o tempo todo. É uma escapatória para a difícil vida que levam por opção.

Amy Adams

A felicidade pela liberdade total. Você faz da sua vida o que quiser, ela é sua. Com o passar do filme (e das páginas) as situações ficam mais sérias, os anos passam, as pessoas jovens vão arrumando trabalhando, se acertando na vida, e Sal e Dean vão ficando pra trás. Eles caem na real quando encontram os coadjuvantes amalucados (Amy Adams), psicóticos (Viggo Mortensen), sem futuro (Alice Braga) e já velhos sem objetivos grandes na vida (Steve Buscemi).

E Marylou dança

A vida de desejos extremos e perdição se mostra cruel com os filhos que Dean vai deixando pelo caminho. Sem falar na figura do seu próprio pai, um mendigo. A levar a vida desse jeito o futuro de Dean não parece ser diferente - é o que o final do filme aponta.

Os "inseparáveis" amigos durante a jornada

Na Estrada é tão fiel ao livro que emociona na mesma medida, concorreu a Palma de Ouro em Cannes de 2012. Mas é "respeitoso" a ponto de saber o seu lugar como um bom filme, mas longe de ser um marco no cinema, assim como foi e ainda é o livro de Jack Kerouac no mundo literário.

Jack Kerouac (Sam Riley) termina sua obra prima

Veja abaixo o trailer de Na Estrada.


sábado, 24 de agosto de 2013

O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA IV - O RETORNO



O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA IV - O RETORNO (The Return of the Texas Chainsaw Massacre / 1994) - Kim Henkel é o produtor do Massacre original, um filme-fenônemo em muitos sentidos. De uma certa maneira Henkel sempre esteve associado a saga de Leatherface e sua família em quase todos os filmes. Em 1994, ele assumiu a cadeira de direção pela primeira e única vez na sua carreira e tinha um objetivo complicado - reconquistar os fãs do filme original e conquistar o público jovem do início dos anos 90, ao mesmo tempo que fazia com que todos esses esquecessem as duas criticadas sequências de 1986 e 1990.

Cenas noturnas 

Os méritos deste quarto filme da série são de certa forma questionáveis. Renée Zellweger fazia aqui o seu terceiro longa, Matthew McConaughey seu quarto. Ambos ainda não tinham grande destaque em suas carreiras. Em Massacre IV teriam sua grande chance. E aproveitaram muito bem.

McConaughey e Zellweger

Zellweger faz Jenny, a menina que cai nas mãos dos sádicos caipiras da família Saw e passa 90% do filme com cara de pânico e soltando gritos aterrorizados. McCounaughey vive Vilmer, o mais doentio componente da família Saw, que ainda é composta por Darla que vive sua namorada, Slaughter um magrelo que seria como o Carona do primeiro filme e é claro, Leatherface.

Zellweger capturada

Aliás Leatherface merece um destaque. No primeiro ele dá medo, no segundo faz rir (de vergonha), no terceiro é ainda mais assustador. Robert Jacks faz neste 4 um Leatherface travesti, sempre vestido de mulher, com colar, brinco e batom. Até mesmo na cena do jantar ele põe um vestido de noite e fica passando batom sentado a mesa e na cena final rodopia a sua motosserra como a antológica cena do primeiro filme. É triste (para não dizer ridículo) como o Leatherface foi retratado aqui.

Leatherface não passa de um travesti neste quarto filme...

Embora é bom que se diga esse é o Leatherface que mais grita comparado com todos os outros e isso sim assustam em alguns momentos.

...mas mantém o susto em alguns momentos

Leatherface é o personagem-símbolo da saga e muitas críticas caíram sobre Kim Henkel sobre o motivo de ter feito Vilmer (McConaughey) o personagem central da trama. Vilmer mata mais e é mais sádico, doentio e assustador que o próprio Leatherface. A motoserra aliás acaba sendo coadjuvante.

McConaughey está tão bem no filme que seu personagem acaba sendo mais importante que Letherface

No final das contas O Massacre IV só vale pelas boas interpretações de Zellweger e McConaughey, mas decepciona por fazer parte da saga que faz.  



domingo, 18 de agosto de 2013

KILLER JOE - MATADOR DE ALUGUEL (2011)



KILLER JOE - MATADOR DE ALUGUEL (Killer Joe / 2011) - Os anos 70 foram os mais ricos de Hollywood, não temo em afirmar. É a minha década preferida. Nela surgiu uma molecada que pensava o cinema de forma diferente, ia contra os estúdios apresentando-se uma alternativa e renovando os diretores e atores/atrizes. Spielberg, Lucas, Coppola, Altman, Scorsese e Friedkin, só para ficar nos grandes expoentes da direção daquela década. Cada um com seu clássico.

Emile Hirsch sendo comandado por Friedkin no set de Killer Joe

Friedkin dirigiu O Exorcista, costumeiramente apontado como um dos mais assustadores longas de terror já feitos. Depois do longínquo 1973, Friedkin caminhou de forma errante nos outros filmes da sua carreira. Colecionou erros e acertos. Ficou 5 anos afastado da direção e voltou em 2011 com o regular Killer Joe (regular porque ele é ruim por inteiro, é bom que se diga).

O detalhista Friedkin
Killer Joe é o nome do personagem vivido por Matthew McConaughey com uma crueldade e frieza tão grandes que lembram o seu Vilmer de O Massacre da Serra Elétrica - O Retorno, de 1994. Ele precisa ser assim, o caubói doido, o policial corrupto e frio que gosta de torturar e sente prazer em fazer mal às pessoas. Nas horas vagas "trabalha" como matador de aluguel.

Killer Joe

O personagem título é contratado por Chris Smith (Emile Hirsch, de Na Natureza Selvagem) para matar a mãe e assim pegar a grana do seguro que a sua morte lhe dá direito, 15 mil dólares. Ele vive em pé de guerra com a madrasta Sharla (Gina Gershon, de A Outra Face) e o pai Ansel (Thomas Haden Church), que passa os dias bebendo e concorda com o plano do filho. Com a grana Chris pretende saudar uma dívida de droga e ajudar a si mesmo e a sua irmã, a angelical e quase autista Dottie.

Filho conta seu plano ao pai, Dottie observa de longe

Só a premissa por si só já mostra que o incorreto dá o tom nessa filme, não se pode chamar de humor negro porque de humor esse filme não tem nada. Mas tudo gira em torno de uma errante família e seus planos igualmente errantes.

Os desajustados "Smiths".

A "família" mora em um trailer caindo aos pedaços. Logo na cena inicial ao voltar para casa, Chris bate insistentemente na porta querendo entrar, o cachorro late lá fora. Sharla abre o trailer sem calcinha deixando à mostra todos os pelos pubianos possíveis o que já deixa claro para os desavisados - aqui não será uma jornada fácil.

Sharla relaxada até demais

Chris e Sharla se odeiam. "Facilitando" o plano dele, que traz Killer Joe para "morar" no trailer para dar cabo da missão. Percebendo a fragilidade daquelas pessoas, o esperto Killer Joe se torna dono do pedaço, principalmente após se apaixonar pelo jovem Dottie, a única que respira um pouco de fragilidade e pureza naquele meio todo.

Dottie

Tudo vai de mal a pior até o ponto que Killer Joe se tornar o chefe da família, usando chantagem contra Chris, violência contra Sharla e desprezo contra Ansel ao passe que é todo amor com Dottie.

Joe anda à vontade na casa dos outros, uma família aos pedaços

O clímax do filme não poderia ser pior. Sharla chega em casa ao lado de Ansel, Killer Joe aparece pelado assustado como se alguém invadisse um território seu. O bêbado Ansel no canto não liga quando Killer Joe espanca Sharla sem dó, quase a ponto de desfigurar seu rosto. Pega um pedaço de frango e a força a chupá-lo como se fosse seu pênis. Joe agarra o cabelo dela e geme com prazer, enquanto Sharla com o rosto cheio de sangue aceita a submissão.

Na longa e mais chocante cena do longa um sexo oral com frango do KFC 

Chris chega e tenta impedir a cena bizarra, mas Joe lhe derruba no chão e soca-o até o fazer desmaiar. Nada mais tem saída, Joe tomou a família sob controle. Dottie aparece carregando uma arma e grita para que tudo pare! Atira sem dó. E o filme acaba assim, chocando muito e não explicando nada.

Dottie descarrega a arma em todo mundo

É terrível, nada daqui se salva. Friedkin deveria continuar quietinho no canto. Afinal de contas ele é um diretor experiente e como tal deve saber que não são apenas imagens fortes que chocam - diálogos bem encaixados em personagens de peso chocam bem mais. Mas nada disso acontece aqui. Em Killer Joe: Matador de Aluguel tudo é de qualquer jeito e nada empolga. Você não terá problemas em esquecer o que viu nas duas horas de filme, daqui nada fica, nada passa e nada serve.
Veja abaixo o trailer de Killer Joe: Matador de Aluguel.



domingo, 11 de agosto de 2013

WOLVERINE: IMORTAL (2013)



WOLVERINE: IMORTAL (2013 / The Wolverine) - Alguns atores ficam marcados pelos personagens que interpretam. Por mais genial que tenha sido é impossível desvincular Marlon Brandon de Vito Corleone, por exemplo. Harrison Ford jamais deixará de ser Han Solo ou Indiana Jones, Christopher Reeve não conseguiu durante toda a sua vida se soltar da imagem de Superman. Hugh Jackman também alcançou esse patamar. Afinal contando com este Wolverine: Imortal esta já é a sexta personificação de Jackman como o herói-mutante da Marvel. Isso sem falar em outra continuação da série X-Men, prevista para 2014.

Cada vez mais difícil desvincular Jackman de Logan

Muitos foram apontados como possíveis diretores deste longa, entre eles Guillermo Del Toro e o brasileiro José Padilha, que acabou preferindo ficar com Robocop. James Mangold, capaz de bombas como Encontro Explosivo com Cameron Diaz e Tom Cruise, e genialidades, como Johnny e June com Joaquin Phoenix e Reese Whiterspoon, foi o escolhido para a direção.

James Mangold em ação

O próprio Mangold definiu que Wolverine: Imortal é uma sequência direta do terceiro capítulo da série, X-Men: O Confronto Final de 2006, onde os mutantes acabam renegados e isolados cada um a sua sorte. Wolverine então se refugia nas montanhas e é exatamente ali que ele inicia a sua saga em Wolverine: Imortal.

Wolverine enfrenta a máfia japonesa

O filme começa com a bomba atômica em Nagasaki. Logan protege Yashida, um soldado japonês, do que seria a morte certa, usando seu corpo e sua habilidade de auto regeneração como escudo. Esse evento inicial é o que desencadeia toda a história. Anos depois Logan é levado ao Japão para atender um último pedido do velho Yashida, à beira da morte. Yashida diz a Logan ter a tecnologia para lhe tirar a imortalidade, curando segundo ele do "mal" que o aflige.

Yashida na cena da proposta

Ainda naquele noite, Logan acorda no meio da noite com um beijo da Viper, mutante que tem o poder de lhe tirar o dom da regeneração. E isso acontece. A pouco (ou nada) conhecida Svetlana Khodchenkova vive a Viper. Mas por pouco o papel não acabou com Jessica Alba. Seria melhor, para um papel tão importante.

Svetlana e sua personagem, a Viper (Madame Hydra)

Aí começa a queda de Wolverine. Membros da Yakuza começam a perseguir Mariko, neta e herdeira do império milionário de Yashida. Logan passa a acompanhá-la e protegê-la da máfia japonesa. O problema é que ele não tem mais a regeneração e baleado, começa a sentir as dores das incontáveis lutas que trava com os mestres das artes marciais da Yakuza.

Mariko e Logan por Tóquio

Em uma dessas escapadas ao lado de Mariko, Logan trava uma luta de tirar o fôlego em um trem bala. É certamente a melhor sequência de ação de todo o filme. Ele se segura agachado e cravando as garras no teto do trem e luta com os caras a mais de 400 quilômetros por hora. É uma cena completamente irreal, é claro, mas muito boa.

No teto do trem bala, a melhor cena de ação do longa


OS PRÓXIMOS PARÁGRAFOS CONTÉM SPOILERS

Mariko acaba nas mão da Yakuza. E Wolverine acaba por retomar seu poder de rápida recuperação. Como? Ele descobre que o beijo da Viper depositou um parasita em seu corpo, como se fosse um sanguessuga. Arrancando o parasita, Wolverine volta a ter a sua força e vai com tudo para resgatar Mariko.

Nem samurai é páreo para Wolverine

Seguindo os traços deixados por Mariko, Wolverine chega ao esconderijo de Viper, que lhe apresenta o Samurai Prata, um monstrengo de 3 metros de altura, também feito de adamantium, assim como os ossos de Wolverine. Sem demora começa a luta entre "iguais".

O Samurai Prata duelando com Wolverine

O grande samurai corta as duas garras de adamantium de Wolverine e quando o seu "capacete" se abre Yashida está lá dentro, o seu amigo que havia fingido ter morrido para conseguir o dom da eternidade de Wolverine. Com Wolverine abatido sem as garras, Yashida inicia o processo de sugar o dom da eternidade, mas Yukio, uma mutante que funcionava como uma espécie de "guarda-costas" de Wolverine, pega as garras de Wolverine acerta no robozão. Wolverine "acorda" e termina de matar de vez o tal Yashida.

Nos quadrinhos o duelo com o Samurai Prata


FIM DOS SPOILERS

Não levante da cadeira após os créditos! Tem uma cena extra que (quase) faz valer o filme todo. Logan volta para os Estados Unidos dois anos após o ocorrido. E, sem adamantium no corpo, passa pelo detector de metais do aeroporto sem problemas. Mas logo atrás dele surge Magneto e tudo começa a tremer. No momento que ele arma a garra (não de adamantium) para atacá-lo algo o faz parar. Surge então Xavier, que alerta Logan sobre uma nova ameaça para a raça mutante. É o start de X-Men: Dias de um Futuro Esquecido, o sétimo filme da série que estreia em 2014.

Yukio nos quadrinhos e no filme: a "guarda-costas" de Wolverine

O problema com relação a Wolverine: Imortal é claro. Um voo solo talvez tenha sido demais para o personagem. X-Men funciona e tem graça em equipe e por mais que Viper e Yukio aqui também sejam mutantes, a grande estrela é Wolverine, um mutante só no meio dos "normais". Justamente por isso acaba perdendo a graça da série X-Men.

Viper troca de pele

Não entenda errado! Wolverine é um grande personagem e entendo que essa escolha tenha sido proposital, já que esse é o único filme relacionado a saga X-Men que não leva o nome X-Men em seu título. Eles queriam mesmo um filme só com o Wolverine, mas na minha opinião assim o filme perde a graça e até o próprio Wolverine perde a força.

Wolverine acorda de um dos seus pesadelos

Nem o primeiro filme solo de Wolverine de 2009 era assim, os holofotes eram divididos também com Dente de Sabre, Gambit e alguns outros. O X-Men funciona com todo o time, sozinho se perde um pouco.
Veja abaixo o trailer de Wolverine: Imortal.



quarta-feira, 7 de agosto de 2013

A CONVERSAÇÃO (1974)

Caul ouvindo tudo

A CONVERSAÇÃO (The Conversation / 1974) - O roteiro já era antigo. Francis Ford Coppola o havia escrito em 1966, aos 26 anos. Mas ele batalhava e não conseguia transformar o seu roteiro - um thriller de espionagem - em filme. Precisava de muito dinheiro, dinheiro que na época ele ainda não tinha. E foi com o mega sucesso, até certo ponto inesperado, de O Poderoso Chefão em 1972, que Coppola pôde juntar essa grana. E embarcou sem nem pensar duas vezes naquele roteiro de espionagem que agora já estava um pouco mais elaborado.

O plano inicial está entre os mais ambiciosos dos filmes do Coppola

Coppola tinha Gene Hackman em mente quando pensou no personagem de Henry Caul, um solitário investigador particular que vive de implantar escutas e gravar sigilosas conversas por encomenda. Ele é o melhor profissional do ramo, mesmo sem contar com equipamentos sofisticados, apenas aparatos criados por ele e por seu ajudante vivido por John Cazale.

Os aparatos caseiros de Caul

A grande trama de A Conversação gira em torno de uma gravação feita por Caul que passa a intrigá-lo. Na conversa, um homem e uma mulher planejam um golpe para ficar com o dinheiro do marido dela.

O casal "grampeado"

Caul fica receoso de entregar a fita com a gravação para o marido, vivido por Robert Duvall, tentando evitar um desfecho trágico. Caul quer evitar este peso na consciência. Um jovem Harrison Ford vive o braço direito de Duvall.

O jovem Ford em uma de suas primeiras aparições no cinema

A Conversação é um thriller de altíssimo nível, pra ficar amarrado à cadeira até o final. O personagem de Hackman é cativante e ao mesmo tempo irritante, ele prefere ficar sozinho no pequeno apartamento tocando saxofone a sair para se divertir e viver uma paixão, por exemplo. Parece ter medo da própria vida. Ou receio de algo que não se explica.

O dilema de Caul

OS PARÁGRAFOS ABAIXO CONTÉM SPOILERS

Caul decide por cumprir o seu dever e entrega a gravação para o marido que marca com a esposa uma espécie de "acerto de contas" num quarto de hotel. Caul reserva o quarto ao lado e implanta grampos por todos os lados para tentar evitar um possível crime. Atormentado pelo "silêncio" no quarto ao lado, Caul vai até a varanda e vê dois corpos duelando em meio a sangue, muito sangue.

O duelo no clímax do filme

Mesmo assim ele prefere não intervir. Pouco tempo depois quando o quarto ao lado parece vazio, Caul o invade e dá uma olhada por cima em tudo. Não encontra nada. Olha tudo minunciosamente, mas não vê nada de anormal. Suspeita da privada. Dá a descarga e começa a jorrar sangue. Na varanda o sangue está lá, mas não encontra vestígios de corpo em lugar algum.

O sangue da privada

Será que ocorreu mesmo um assassinato ou Caul imaginou tudo?

Sozinho em um galpão vazio - nada representa melhor Caul


FIM DOS SPOILERS

A sequência final é primorosa. Caul chega ao nível máximo de paranoia. Ele acredita tão piamente que está sendo observado que passa a "desconstruir" seu apartamento inteiro. Tira a cortina, desmonta os móveis e os eletrodomésticos, arranca os rodapés e os tacos do piso. Ele tira tudo! E se senta no chão mesmo, tocando o seu inseparável saxofone. Memorável.

A simples e significante sequência final 

Uma surpreendente conclusão para um personagem fascinante. Gene Hackman foi tão bem como Henry Caul que ele foi convidado a reviver esse ambiente de vigilância absoluta no thriller Inimigo do Estado ao lado de Will Smith em 1998.

Hackman voltou ao mesmo ambiente de espionagem quase 25 anos depois

Não deixe de assistir A Conversação e o amadurecimento de um grande cineasta e um grande ator. Não dá para deixar passar um filme que é escolhido por Gene Hackman o seu preferido dentre todos os que já trabalhou e escolhido também por Coppola o seu preferido dentre todos os que já dirigiu.

Hackman e Coppola em ação

Veja abaixo o trailer de A Conversação: