terça-feira, 29 de março de 2016

FUGA DE ALCATRAZ (1979)

Clint nunca está à toa na prisão

FUGA DE ALCATRAZ (Escape From Alcatraz / 1979) - Quase três quilômetros... Com pouca ou nenhuma proteção... Em águas com temperaturas que beiram os doze graus celsius...  Vale tudo para escapar de uma condenação perpétua em Alcatraz... Lenda ou verdade? Junho de 1962. Frank Morris, ao lado de John Anglin e Clarence Anglin, planejam uma audaciosa fuga da prisão na ilha de Alcatraz em São Francisco. Diariamente durante 1 ano eles raspam com uma colher a parede já corroída pela maresia. Pela manhã "descarregam" a areia pelos bolsos das calças. Moldam cabeças misturando papel higiênico, sopa e cabelo real. Na noite da fuga as cabeças ficam "dormindo" na cela, os guardas nada percebem. O trio passa pelos buracos cavados e fogem pela baía de São Francisco.

Os verdadeiros fujões

Essa é a lenda, que virou livro em 1963 pelas mãos de J. Campbell Bruce e depois filme em 1979, dirigido por Don Siegel, o mesmo de Perseguidor Implacável de 1971, que também trazia Clint Eastwood no papel principal. Clint passa os 112 minutos de Fuga de Alcatraz com aquela expressão cerrada, com a testa franzida do tipo "não fale comigo", mas bola o plano todo e consegue a ajuda de outros detentos para conseguir o que quer.

Sempre com cara de poucos amigos

O longa de Siegel acaba justamente no momento que os três entram na água e iniciam a fuga, mas deixa claro não saber se eles obtiveram sucesso na empreitada ou não.

Os corpos nunca foram encontrados e a prisão foi fechada 1 ano depois, diz o letreiro no final do filme

A grande força do filme está justamente no cenário, o próprio presídio, que na época das filmagens, 1979, já estava fechado - o local funcionou como prisão federal entre 1933 e 1963. A partir de 1972 o local passou a ser aberto à visitação. O uso do cenário real traz todo um charme especial ao filme e faz de Fuga de Alcatraz um registro sem igual em filmes com esta temática, se tornando uma fonte de inspiração para muitos outros, entre eles Um Sonho de Liberdade e À Espera de um Milagre.

Um boneco como personagem principal da fuga

Fuga de Alcatraz foi a estreia de Danny Glover nas telonas e merece/precisa ser conferido! Uma das perguntas que os turistas mais fazem aos guias de Alcatraz é "Qual a cela do Clint Eastwood?", uma mescla da vida real com a ficção. Nada mais justo para um longa que retrata como real uma história que até hoje não se comprova... mas também não se nega.

Alcatraz, outro personagem do filme

Veja abaixo o trailer de Fuga de Alcatraz.    


sexta-feira, 25 de março de 2016

JOY: O NOME DO SUCESSO (2015)

A conturbada vida de Joy

JOY: O NOME DO SUCESSO (Joy / 2015) - Não é à toa que Joy: O Nome do Sucesso comece com uma cena bem cafona de uma novela igualmente cafona, com forte inspiração nas mexicanas. David O. Russell gosta de "novelizar" as suas histórias - usar famílias grandes, disfuncionais, com muitos segredos (ou nenhum) entre eles e todos amontoados vivendo todos juntos. Bem cara de novela mesmo.

O novelão no começo

Joy é baseado numa história real. Jennifer Lawrence é a "mulher da casa". Ela vive com a mãe, que não sai do quarto e assiste novelas o dia todo, o ex marido, que mora no porão, e mais os dois filhos do ex casal e a avó. Tudo piora quando o pai de Joy, vivido por Robert de Niro, chega para morar lá também. O cenário está montado.

Alguns dos personagens da novela da vida de Joy

Na casa, Joy é a grande mãe de todos, cuidando inclusive de serviços mais pesados, e a cada cena parece estar a ponto de explodir de tantas tarefas. Lembra pouco a pequena Joy que vemos como uma menina criativa e inventora em um rápido flashback. E esta própria lembrança serve de impulso para Joy voltar a fazer o que mais gosta - inventar.

Em casa ela cuida de tudo

Ela cria um sistema que facilita o uso do esfregão nas limpeza do chão. Ela é mãe, dona de casa e entende do assunto. Recebe patrocínio da namorada do pai e começa a montar o tal esfregão por conta própria. Barreiras pelo caminho são muitas e o produto não decola.

A verdadeira Joy com seu mais importante invento

Neil Walker (Bradley Cooper) entra na história e muda a vida de Joy. Ele é dono de um canal de vendas na televisão e aceita o desafio de vender o esfregão na telinha. As vendas disparam quando a própria Joy vai pra frente das câmeras e demonstra a utilidade da sua invenção.

Neil acredita no sucesso de Joy

Tudo desmorona quando ela descobre que esta sendo trapaceada pela empresa que contratou para fazer os moldes dos esfregões. Mar o filme não tem"sucesso" no título por acaso e Joy luta para dar a volta por cima. Tudo como uma grande novela.

A hora do "sucesso" de Joy

O problema de Joy: O Nome do Sucesso está justamente nessa montanha russa de sentimentos. Em um momento nos vemos frustrados por um insucesso dela e em outro nos vemos alegres, como se fôssemos da família. Essa inconstância não cheira a verdade que a história alega ter, parece um dramalhão barato e nada crível. Nenhum personagem passa uma verdade a fundo, tudo é muito raso - tirando a própria personagem-título. Achei também muito simples a conclusão do filme, o problema era muito grande e a solução veio com uma cartada certeira. E ela ainda termina de uma forma absurdamente diferente de como começou, rica numa baita mansão... humm, uma forçação de barra que não pegou bem.

Uma cartada inesperada no final

Não sou do tipo que endeusa a Jennifer Lawrence e concordo com os que dizem que ela está sempre igual. Mas esse igual é sempre bom. Impressionante como alguém tão jovem alcançou tão alto nível de performance com tão pouca idade. Ela nem passou dos 25 anos. O filme vale por ela.
Veja abaixo o trailer de Joy: O Nome do Sucesso.



sexta-feira, 18 de março de 2016

A VIDA DOS OUTROS (2006)

Wiesler à espreita

A VIDA DOS OUTROS (Das Leben Der Anderen / 2006) - Ah...os estereótipos, como é bom se deparar inesperadamente com algo que destrua os pré conceitos. Um deles, construído com força depois das duas grandes Guerras indica que todo alemão é duro na queda, implacável, seco e com dificuldade de demonstrar sentimentos. Pois A Vida dos Outros caminha no sentido oposto.

A implacável perseguição aos inimigos

O filme alemão, vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro em 2007, conta a história de Wiesler, um militante do partido comunista em plena Alemanha Oriental em 1984. Na época a preocupação com qualquer desvio de comportamento ou inclinação para a outra Alemanha, a ocidental, era considerado crime. Escutas secretas eram a principal arma do governo para capturar os inimigos.

Um escritor que pretende soltar a voz

Wiesler escreve relatórios diários com o que ouve nos microfones escondidos e implantados clandestinamente nas casas dos suspeitos. Lembra muito A Conversação de Francis Ford Coppola de 1974 com Gene Hackman no papel principal, embora a questão ali não fosse política e sim uma investigação de um detetive. Em A Vida dos Outros o escritor Georg e a namorada atriz Christa são os alvos dos grampos. 

O casal investigado

Nos primeiros quarenta minutos, o filme se arrasta justamente por comprovar os estereótipos dos alemães insensíveis que trabalham incessantemente seguindo os ideais do governo, isso já visto em centenas de filmes. Mas o que diferencia A Vida dos Outros é o que acontece depois.

Imaginando a casa alheia 

A vida solitária de Wiesler, baseada unicamente nas crenças e na rotina do partido comunista, começa a ficar ainda mais sem sentido. Embora não admita, ele começa a se interessar pelo casal que está investigando, acompanha a rotina dos dois e se interessa, muito por estar ouvindo algo que não está nem perto de ter - amigos e uma namorada. 

Amor - uma das coisas que falta ao mundo de Weisler

Abraçar-se enquanto ouve o casal se abraçando, deixar a imaginação fluir cada vez que coloca os filmes de ouvido... São coisas a que Wiesler nunca esteve acostumado e que mudam sua postura dali pra frente. Ele se torna mais humano por dentro, embora ainda transpareça dureza por fora. As consequências, é claro, são sérias. A cena que mostra essa virada na vida Weisler é sensacional - num elevador ele ouve de um menininho que o pai dele "odeia o governo", o militante então, por pouco, não pergunta à criança o nome do pai... mas no final prefere deixar pra lá.

Ótima cena e uma virada na cena de Wiesler

Poucas vezes nos vimos com compaixão de um militante de um partido político dos mais radicais da história. Ainda mais durante um período político complicado do mundo, especialmente da Alemanha. Mas não se sinta mal por isso, sentir pena de Wiesler e sua vida solitária e ordinária é só um dos sentimentos que o bom A Vida dos Outros desperta.
Veja abaixo o trailer de A Vida dos Outros.


terça-feira, 15 de março de 2016

SERPICO (1973)

Um policial em perigo

SERPICO (1973) - Al Pacino se estabeleceu na década de setenta - a mais fértil da história de Hollywood - como um dos grandes atores da sua geração. Devido a tantas atuações inesquecíveis e impressionantes, ele é apontado frequentemente como um dos maiores atores de todos os tempos.

Pacino construindo a fama de um dos melhores da história

Pacino tinha acabado de fazer grande sucesso em O Poderoso Chefão, quando Serpico chegou às telonas. Dirigido por Sidney Lumet - que dirigiria Pacino novamente um Um Dia de Cão - Serpico é uma história real centrada em Frank, um policial incorruptível. Nada mais.

Um policial sem medo de corrupção

Passo a passo se vê a entrada de Frank na polícia ainda como patrulheiro das ruas e já ali dá pra notar que Serpico é diferente. Ele faz prisões de pequenos criminosos das ruas, como traficantes e estupradores, sendo apoiado no seu tato e bom timing no momento de agir.

Um novato tomando lições com os mais velhos

Os anos passam, Serpico vai se tornando experiente e essa sequência é acompanhada pelos cabelos compridos e bigodes que Pacino passa a ostentar. Serpico se torna um investigador à paisana, ele não usa mais uniforme da corporação, mas é nesse momento que ele percebe que as coisas dentro da própria polícia de Nova York funcionam de uma maneira diferente. A grande parte dos policiais que o cercam são corruptos.

As pequenas prisões - Serpico quer limpar as ruas

Ele recusa toda e qualquer oferta de dinheiro que parte dos próprios companheiros - Serpico quer distância do bolo que todos ganham uma fatia . Serpico acaba deixado de lado nos departamentos por onde passa e é transferido de divisão o tempo todo. Ele paga o preço por ser tão honesto.

Os "amigos" policiais se encontram para questionar a conduta de Serpico

Inconformado, Serpico busca ajuda de outros policiais que ele considera honestos e tenta levar a história ao chefe da polícia local e até o prefeito. Nada feito. A corrupção cria uma teia que não atinge Serpico, mas o isola e impede que ele leve a história para frente.

Serpico isolado, sem policiais em quem confiar

Ele acaba enganado pelos "parceiros" de polícia e é alvejado por um traficante durante uma batida - falta a Serpico a proteção que ele precisava. Por sorte Serpico sobrevive. Dali pera frente nada mais importa, ele havia chegado ao limite e decide abrir o jogo sobre tudo o que acompanhou nos últimos a nos dentro da polícia. Ele leva a sua história para a corte, um relatório intenso é criado e os grandes nomes corruptos da polícia são levados ao conhecimento do público geral. Serpico larga a polícia e foge para a Suíça.

Serpico se preparando para o julgaamento onde ele diria toda a verdade sobre a lama da polícia de Nova York

Hoje, o verdadeiro Frank Serpico está vivo e bem. Ele chegou a ajudar Pacino na composição do personagem e eles acabaram se tornaram amigos. E está aí a grande força do filme - a riqueza na interpretação de Pacino, o que lhe rendeu a sua segunda indicação ao Oscar de melhor ator. Pacino em toda a sua carreira recebeu oito indicações ao premio, e ganhou apenas uma vez por Perfume de Mulher em 1992.

O verdadeiro Frank Serpico

Lumet decidiu gravar o filme todo de trás para frente, ou seja, do final para o começo, para facilitar a edição final e não atrapalhar a continuidade. Pacino começou o projeto barbudo e cabeludo e foi cortando aos poucos a barba, o bigode e o cabelo até "começar" o filme com tudo curtinho.

Al Pacino como Frank Sperico

Serpico é um registro histórico, não apenas de uma história surpreendente mas de um ator que estava ali apenas no seu quinto papel no cinema e já mostrava um potencial impressionante. Pacino e Lumet merecem os créditos deste marco, dividindo com Serpico, e sua impressionante história.
Veja abaixo o trailer de Serpico.


quinta-feira, 10 de março de 2016

UMA NOITE DE CRIME (2013)

Você atenderia a porta na noite do "purge"?

UMA NOITE DE CRIME (The Purge / 2013) - Thomas Hobbes é um filósofo inglês que viveu no século XVII e deixou alguns pensamentos polêmicos. Talvez o mais famoso deles seja que "o ser humano é mau por natureza" ou seja, segundo ele nós apenas maquiamos os reais institutos para viver em sociedade. Baseado em Hobbes e em uma ideia da esposa, o roteirista e diretor James DeMonaco bolou uma história surpreendente.

James DeMonaco em ação

Uma Noite de Crime se passa no ano de 2022. Os Estados Unidos nunca foram um país tão seguro, a criminalidade é praticamente zero. Um dos motivos disso é uma lei, aprovada pela grande maioria da população, que leva o nome de "purge". Uma vez por ano das 7 da noite às 7 da manhã todo crime é considerado legal. Nesse período hospitais, bombeiros e polícia não funcionam e as pessoas podem se trancar em casa ou sair às ruas armadas com o que podem para fazer o que quiserem.

Tudo pode acontecer do lado de fora

Boa parte prefere se trancar em casa e assistir a transmissão do "purge" pela televisão, um evento, como se fosse um "Superbowl do crime". A família Sandin é dessas. O pai James (Ethan Hawke) trabalha vendendo sistemas de segurança, que claro, são artigos mais do que essenciais em dias de "purge". A filha se despede do namorado que deve voltar para casa. A esposa e o filho se juntam a James, quando ele aciona o sistema de segurança. Pouco depois soa uma sirene que indica que o "purge" começou.

Um estranho dentro de casa, entrada permitida pelo filho

Uma família armada dentro de uma fortaleza. É muito óbvio que tudo vai dar errado... e dá. O namorado da filha se esconde dentro da casa e saca uma arma para matar o pai, James, que não aceita o namoro da filha. Eles trocam tiros e o jovem acaba morto.

Uma família insegura no próprio lar

Um estranho ensanguentado sai correndo pelas ruas pedindo por socorro, implorando ajuda. O filho se compadece, desarma o sistema de segurança e permite a entrada do homem misterioso, que rapidamente se esconde na imensa casa.

A seita
Um grupo de fanáticos, uma seita como a da Família Manson, chega na porta da casa e exige, educadamente, a entrega do tal ensanguentado, dizendo que ele é morador de rua e o grupo "quer se divertir". Pouco depois os fanáticos destroem as travas de segurança, cortam a energia e invadem a mansão, prometendo um banho de sangue.

O sorriso cravado nas máscaras do terror

Imagine você estar dentro da sua casa, no escuro, tentando encontrar a esposa e os filhos, com maníacos violentos e um homem misterioso espalhado em qualquer canto. Acredite, tudo fica ainda pior no final.

Escuridão, armas e loucos à solta - um campo de guerra dentro de casa

Uma Noite de Crime tem um roteiro surpreendente, com boas viradas e uma ideia simples, mas que funciona muito bem. A sacada original rendeu frutos, o filme ganhou uma sequência no ano seguinte - Uma Noite de Crime: Anarquia, que segue os acontecimentos da noite pelas ruas e um terceiro filme que já está em pré produção que vai mostrar como foi a "noite inaugural" que aconteceu em 2017. Um terreno muito fértil explorado - pelo menos neste primeiro filme - muito bem.
Veja abaixo o trailer de Uma Noite de Crime:


  

terça-feira, 8 de março de 2016

BLOW-UP - DEPOIS DAQUELE BEIJO (1966)

Um clique perigoso

BLOW-UP - DEPOIS DAQUELE BEIJO (Blow-Up / 1966) - Um retrato da Londres dos "Swinging Sixties", Blow-Up - Depois Daquele Beijo se estabeleceu como um dos clássicos do cinema de Antonioni e um dos filmes que mais exerceu influência sobre outros diretores e obras que viriam dali pra frente, como Um Tiro na Noite de Brian De Palma, A Conversação de Coppola entre tantos outros. A originalidade de Blow-Up - Depois Daquele Beijo ajudou a mudar bruscamente o ritmo de uma Hollywood que até ali se entregava de corpo e alma ao puritanismo barato.

Quadros inovadores

Um requisitado fotógrafo profissional passa os dias clicando as beldades em seu estúdio e por vezes acaba se envolvendo com algumas delas. Sempre entediado e buscando novidade para a sua vida, ele acaba num parque fotografando um casal ao longe. A mulher corre atrás dele e exige o filme de volta, ele nega.

Uma mulher se sente invadida

Eles se envolvem, mas nada sério - como todos os demais casos dele. Mais tarde, ao revelar e ampliar as fotos a surpresa: uma mão entre os arbustos parece segurar uma arma e apontar para o casal. No dia seguinte, logo cedo, o fotógrafo vai ao parque e se assusta com o que vê - um corpo.

Um corpo muda a rotina de todos

Voltando para casa o seu estúdio está revirado, e as fotos originais foram roubadas. Pouco depois ele se vê num concerto dos Yardbirds e lutando por pedaços da guitarra quebrada no palco e depois perseguindo um amigo numa festa à base de drogas procurando conselhos sobre o que fazer.

Yardbirds em um cena antológica

O corpo não está mais no campo, a mulher misteriosa sumiu para sempre. Ele não sabe se o que viu no parque é real ou não, seria uma arma entre os arbustos? No final ele vê uma trupe de mímicos jogando tênis - sem bola ou raquete - numa quadra. O fotógrafo assiste descompromissado até que a "bola" cai perto dele. Ele entra na brincadeira e joga a "bola" falsa de volta e ele escuta o barulho da bola pingando, como se fosse real.

Uma conclusão inesperada para um filme inesperado

Blow-Up é o primeiro filme não-italiano lançado por Antonioni e marcou época por vários motivos - um deles por ter sido o primeiro longa britânico a exibir uma nudez frontal. Outra é por ter registrado os Yardbirds, com Jeff Beck e Jimmy Page, tocando juntos - histórico. A quebra de barreiras provocada pelo filme de Antonioni foi gigante. Um filme que chacoalhou a década de 60, Blow-Up é um dos marcos da geração sexo, drogas e rock ´n roll.

A clássica cena do ensaio fotográfico

Veja abaixo o trailer de Blow-Up - Depois Daquele Beijo.  


terça-feira, 1 de março de 2016

PONTE DOS ESPIÕES (2015)

Um advogado jogado no epicentro da guerra fria

PONTE DOS ESPIÕES (Bridge of Spies / 2015) - O comunismo é uma ameaça constante para os Estados Unidos. Inegável até os dias de hoje. Durante décadas e mais décadas o Tio Sam construiu - e sem julgamento aqui - uma imagem terrível dos comunistas, como sendo terroristas, assassinos de famílias e tudo o de pior.

Um espião não perde os detalhes

Ponte dos Espiões é mais um filme de parceria Spielberg e Tom Hanks que remonta os tempos da guerra fria. A dupla tem fama e reconhecimento, são dois gigantes do cinema mundial. O problema é que há tempos eles não entregam algo à altura da carreira que construíram. Talvez os últimos grandes filmes de cada lado sejam Munique de Spielberg de 2005 e O Terminal de 2004, no caso de Hanks.

Uma dupla de peso
James Donovan (Hanks) vive um carismático advogado destacado pra defender Rudolf Abel (Mark Rylance) um espião comunista em terras norte americanas. A sociedade aterrorizada com o levante comunista, quer eliminar o mal, enforcá-lo em praça pública. Donovan vê no homem uma pessoa como outra qualquer, que apesar do crime merece se defender, um direito assegurado pela Constituição dos EUA.

"Os dois" Donovan...
Durante pouco mais de 1 hora o filme desenvolve a relação dos dois, uma desconfiança inicial que aos poucos vai ganhando outro formato, até de amizade. Embora cada um se mantenha no seu quadrado, defendendo as suas cores. Esse é o ponto alto do filme, a química dos atores é ótima, e garante bons momentos no tenso cenário político do início dos anos 60.

...e "os dois" Abel

Daí para frente, na mais de 1 hora e vinte que ainda tem pela frente... problemas. Donovan segue pra Alemanha Oriental representando os EUA. O intuito é concretizar uma negociação delicada - trocar o espião comunista por outros dois prisioneiros norte americanos.

A relação cliente-advogado

O destaque é a reconstrução de época, nisso Spielberg é expert. Uma das sequências mais bem feitas do filme é a que mostra, logo no começo, o sentimento de medo que é depositado nos norte americanos desde os tempos de escola. A montagem mostra as crianças cantando o hino nacional deles e depois a explosão da bomba atômica e eles com as carinhas despedaçadas, como se seus futuros sonhos estivessem ameaçados de não acontecer.

A melhor sequência do filme

Ponte dos Espiões não é um filme ruim, tem uma boa reconstrução de época e visualmente é perfeito. Mas tendo os nomes que tem por trás - Hanks e Spielberg - é pra se esperar muito mais. Apesar disso, a indicação para o Oscar de melhor filme se justifica pela importância da história baseada em fatos reais. A verdadeira surpresa seria que um filme como este - altamente patriota com Tom Hanks salvando o mundo e dirigido por Spielberg - não levasse a indicação. Mark Rylance é a grande força do filme, pena que na hora final ele tenha sido deixado de lado.

No banco dos réus
A performance de Rylance é notável, ao mesmo tempo que intimida - afinal de contas é um espião - ele gera um pouco de simpatia, por se mostrar como um velhinho frágil. O ator inglês foi premiado pela associação de críticos de Nova York, de Londres, levou o Bafta e foi indicado ao Globo de Ouro, e claro, levou o Oscar de ator coadjuvante. No caso do último prêmio - foi merecido mas injusto (faz sentido?) - Mark Ruffalo e Sylvester Stallone eram votos mais corretos da academia.

Oscar de ator coadjuvante - merecido e injusto
Veja abaixo o trailer de Ponte dos Espiões.