sexta-feira, 3 de junho de 2016

BANANAS (1971)

O discurso inflamado do "revolucionário"

BANANAS (1971) - Em seu terceiro filme, Woody Allen ainda buscava a sua própria identidade como cineasta. Para formar essa identidade ele remontava a seus ídolos e fazia uma delicada escolha dos papéis femininos. Esse sim fundamental em cada filme seu. A primeira, e a melhor na minha opinião, foi Diane Keaton que só daria as caras em O Dorminhoco, quinto filme de Woody. No início da carreira do cineasta a comédia pastelão dava o tom. Bebendo muito nos filmes dos Irmãos Marx, Woody entregou O que Há, Tigresa? e Um Assaltante Bem Trapalhão, de 1966 e 1969 simultaneamente. Na sequência viria Bananas.

Um conflito político, um ambiente rico para as peripécias de Woody

Woody faz Fielding Mellish, um nova iorquino que trabalha testando equipamentos novos (à lá Chaplin na famosa cena de Os Tempos Modernos de 1936, quando ele se lambuza todo ao testar uma máquina que alimentaria o trabalhador de uma forma mais eficaz e rápida, teoricamente) em uma empresa de desenvolvimento de facilidades.

Woody testa uma máquina de se exercitar em "Bananas"...

...e homenageia Chaplin em "Tempos Modernos"

Sozinho e sem amigos ele acaba se relacionando com Nancy, ativista política voltada a defender povos em dificuldade. O namoro acaba quando Nancy reclama que Fielding não se interessa por estes assuntos. Resta a ele mudar.

Fielding e Nancy

Nesta primeira parte de Bananas, Woody tem à sua mão um palco cheio para as suas peripécias. Ele usa com muito inteligência a grande cidade como parte do esquete de um cara atrapalhado. Essas pequenas cenas são realmente hilárias, como quando ele tenta comprar revistas de mulher pelada na frente de uma senhora judia ou quando no metrô ele se envolve em uma confusão com dois brigões, entre eles um jovem Sylvester Stallone em participação não creditada.

Impossível não reconhecer Stallone como o encrenqueiro do metrô

Para salvar o namoro e mudar a opinião da namorada, Fielding viaja para o fictício país de San Marcos na América Latina que passa por um momento político complicado - seu presidente acaba de ser assassinado e o país é tomado por uma ditadura. Por ser norte americano, Fielding acaba sendo bem recebido pelos ditadores, interessados em conseguir apoio dos EUA para a sua causa.

Em San Marcos, fictício país da América Latina

Mas após uma tentativa desastrada de aproximação, Fielding acaba nas mãos dos rebeldes e convencido por eles, inicia uma tentativa de devolver a democracia à San Marcos. Usando uma barba falsa, Fielding se faz de Fidel e busca angariar popularidade à causa rebelde. E consegue. Acaba voltando à Nova York, reencontra Nancy com quem se casa.

Protótipo de Fidel

Bananas não é dos melhores de Woody, como filme não funciona muito bem. O grande destaque são as pequenas cenas, que funcionam como esquetes soltas e nem sempre fazem diferença à continuidade da história. Tem uma gracinha aqui e ali. É um filme importante para a carreira dele, que a partir dali se soltava cada vez mais das amarras dos ídolos, caminhando com sua própria identidade, criando seu próprio jeito de fazer filmes e contar histórias. É uma construção onde Bananas tem um papel fundamental.

Nas pequenas esquetes cômicas a grande força do filme
Veja abaixo o trailer de Bananas.



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