sexta-feira, 30 de março de 2018

ELE ESTÁ DE VOLTA (2015)

E se...

ELE ESTÁ DE VOLTA (Er Ist Wieder Da / 2015) -  A premissa é simples - e se o cara mais odiado da história simplesmente aparecesse nos dias de hoje com aqueles discursos extremistas inflamados? Como seria? Pois é... curioso, polêmico e provocador. A ideia é de um time de roteiristas alemães liderados por David Wnendt, que acabou assumindo a direção do longa.

Celebridade imediata

Adolf Hilter acorda no local onde ficava seu bunker na Berlim de hoje por um motivo que não é explicado. E nem precisa. Ele anda desnorteado pra cima e pra baixo procurando por seus colegas. Esbarra num grupo de meninos que não entende seu pedido. Acaba sendo levado como piada pelas pessoas nas ruas, que o confundem com um ator vestido de Hitler.

Do nada ele aparece

A grande sacada de Ele Está de Volta está na forma original como a história é contada. A montagem mescla trechos ficcionais - com os atores em estúdio ou externa - com trechos documentais, quando Adolf vai às ruas e confronta as pessoas captando as impressões do povo alemão sobre a controversa figura. Algo parecido com que Sacha Baron Cohen experimentou em filmes como Borat e Bruno.

Abordando a pessoas, o melhor momento do longa 

A reação de parte das pessoas assusta - muitas (muitas mesmo) apoiando o ditador. Esta é a grande sacada de Ele Está de Volta, ver que os discursos de ódio e pensamentos extremistas de lado a lado não são apenas algo presente em nossa cultura. Entre os alemães - povo de 1º mundo - o problema também existe. Assusta e que convida à reflexão.

Apoio e repúdio pelas ruas
Veja abaixo o trailer de Ele Está de Volta


terça-feira, 27 de março de 2018

TERRA EM TRANSE (1967)

Cena clássica de um dos filmes mais importantes do cinema brasileiro

TERRA EM TRANSE (1967) - Walter Salles, Arnaldo Jabor, Luis Carlos Barreto, Anselmo Duarte, Fernando Meirelles... Sim, o Brasil já produziu e produz grandes cineastas. E dessa lista Glauber Rocha talvez seja o maior deles. O baiano sempre pregou o pensamento crítico, orgulhou-se do cinema novo e execrou qualquer aproximação de cineastas brasileiros com o pensamento imperialista norte americano. Era um cara à frente do seu tempo, corajoso e sem qualquer receio de colecionar inimigos. "A nossa cultura é a macumba e não a ópera", ele dizia.

Glauber em ação

Glauber lançou no final da década de 60 um dos filmes mais polêmicos, controversos e explosivos do cinema brasileiro. Terra em Transe expõe alegorias de personagens importantes da política brasileira, relevantes e fundamentais para o golpe militar e a ditadura que nasceu no ano de 1964.

O político ditador

José Lewgoy, Paulo Autran, Paulo Gracindo, Flavio Migliaccio, Francisco Milani, Hugo Carvana... um elenco estelar para um filme que é uma verdadeira ópera, recheado de poesias densas e muito bem encenadas - e dubladas pelos atores depois - com uma crítica ferrenha ao sistema político e social do país.

O jornalista na fictícia cidade de Eldorado

Na fictícia cidade de Eldorado um empresário (Gracindo) financia festas e campanhas políticas como a de um candidato (Lewgoy) em busca de poder. Um jornalista (Jardel Filho) foge da cidade e vai para a pequena Alecrim, depois que outro candidato inescrupuloso (Autran) se elege senador. Quando os dois candidatos passam a concorrer à presidência, interesses políticos e conchavos de todas as parte leva o jornalista a uma profunda reflexão e à frases e sequências que permanecem relevantes e atuais até hoje.

"O povo é imbecil, analfabeto, despolitizado!"

A parte final é a que mais choca. Aqui não apenas o discurso, mas a atuação, se torna ainda mais direta. Os atores olham direto para câmera, falam com quem assiste. O povo representado por um rapaz de fala simples diz: "o país está mergulhando numa grande crise, não sei o que fazer, o melhor é acreditar no presidente". Eis que o jornalista tapa a boca do rapaz e diz: "estão vendo o que é o povo? Um imbecil, um analfabeto, um despolitizado!" Independente da sua inclinação política - nada poderia ser mais atual.

Empresários que fomentam a política suja

Terra em Transe recebeu o Prêmio da Crítica no Festival de Cannes de 1967. Glauber, a partir dali, cravaria seu nome entre os mais respeitados cineastas do mundo. Não é exagero não. No youtube é fácil de encontrar grandes diretores falando bem sobre Glauber, como Martin Scorsese, por exemplo. Uma figura única que faz falta no cenário cultural brasileiro, sorte que os filmes dele - repito, provocativos, controversos e explosivos - estão aí para dar orgulho e tapar a boca de tantos que só sabem falar mal do produto nacional.

O homem que ao ver a sujeira política, muda de lado

Veja abaixo o trailer de Terra em Transe.    





terça-feira, 13 de março de 2018

PERFUME DE MULHER (1992)



PERFUME DE MULHER (Scent of a Woman / 1992) - Um verdadeiro baile. Não somente digo isso pela cena do tango, certamente a mais memorável de Perfume de Mulher, mas a expressão cabe pela performance estonteante de Al Pacino do primeiro ao último minuto de filme. Falar bem dele é chover no molhado, claro, mas aqui ele prova mais uma vez que é um ator diferente, com um dom muito acima do normal. Levou o Oscar aqui, o seu único (!) na carreira.

Um militar aposentado

Charlie (Chris O´Donnell) é um jovem estudante de uma escola muito tradicional. Ele tem bolsa ali e está longe de ser abastado, diferente dos colegas de classe, como George (Phillip Seymour Hoffman). Por isso ele precisa aceitar pequenos trabalhos para levantar um dinheiro, como quando aceita a tarefa de ser uma espécie de babá de um idoso no feriado de ação de graças.

Phillip Seymour Hoffman e Chris O´Donnell

O idoso é Frank Slade (Al Pacino), um coronel aposentado do exército, cego e rabugento. Ele trata Charlie com dureza desde o começo, o convívio não é fácil - "se tocar em meu braço mais uma vez eu te mato" - e por isso mesmo Charlie cogita abandonar tudo aquilo logo de cara, mas ele acaba convencido pela contratante, a sobrinha do coronel que vai aproveitar o feriado e viajar com a família, deixando o tio sob os cuidados do jovem Charlie.

Coronel Slade e Charlie 

O coronel já tem tudo programado, ele não vai passar o feriado em casa, decide ir para Nova York e leva Charlie consigo. Tudo de avião primeira classe e se hospedando na melhor suíte do melhor hotel e alugando uma limousine que o leva para cima e para baixo. Naquela noite o coronel diz ao jovem o intuito de tudo aquilo - "vou tomar uma taça do melhor vinho, jantar um belo prato, ir pro quarto e dar um tiro na minha cabeça".

Uma das grandes interpretações de Al Pacino na carreira - e isso não é pouco

Mas o que ele não esperava é que aquele garoto jovem, inexperiente e bobão por assim dizer, iria lhe trazer o sopro de inocência que ele já tinha perdido depois de anos e anos no exército. E tudo isso veio à tona depois de um desastroso encontro com o seu irmão mais velho, quando acaba defendendo a honra de Charlie ao pegar o próprio sobrinho falastrão pelo pescoço.

Momento embaraçoso em família, ninguém segura a língua ferina de Slade

Ficamos como Charlie, atônitos com aquele velho cego e suas frases de efeito sobre o perfume que as mulheres usa, ou sua habilidade para montar e desmontar uma arma, ou mesmo dirigir uma Ferrari em alta velocidade e não ser pego pela polícia ou ainda bailar ao som de um tango.




Perfume de Mulher é um filme para se exaltar a performance de Al Pacino, acima de tudo. Daqueles que dá vontade de ver e rever só por isso. Ele concorreu oito vezes ao Oscar de melhor ator e ator coadjuvante, mas só levou uma. E foi muito merecido.

O ator com o maior prêmio da sua carreira

Veja abaixo o trailer de Perfume de Mulher.

domingo, 11 de março de 2018

LUCY (2014)

Bem mais do que 10% do cérebro

LUCY (2014) - Luc Besson tem uma reputação a zelar. O cineasta francês já produziu, dirigiu e principalmente escreveu muitos filmes. E com tanta produção assinada por ele algumas coisas ruins tinham que sair das mãos do francês, certo? Essa é uma delas... Mas claro ele fez coisa boa também. León: O Profissional é lembrado como um dos seus maiores filmes, embora eu prefira O Quinto Elemento.

Besson, à esquerda de blusa cinza, em ação

Em Lucy, Besson assina o roteiro e a direção. Aqui, mais uma vez, o diretor flerta com a ficção científica - o gênero que mais gosta de trabalhar. Scarlett Johansson é Lucy. Ela entra em um prédio de Honk Kong para fazer uma entrega de uma maleta para um chefão do tráfico. Ela nem sabe o que tem lá dentro. Acaba raptada.

O rapto

É "contratada" (à força) para transportar o conteúdo da maleta - drogas - para outros traficantes espalhados pelo mundo. A embalagem da droga é implantada no estômago de Lucy. Mas ao sofrer uma tentativa de estupro ela toma chutes na barriga, a embalagem se rompe e a droga acaba entrando em contato com a corrente sanguínea da moça.

Scarlett "Norris" Johansson

A droga é a CPH4, uma enzima produzida naturalmente no corpo das mulheres grávidas a partir do sexto mês de gestação. A substância fornece energia pro feto e é parte essencial na criação dos ossos. Segundo o filme o efeito da droga no bebê é parecido com o de uma bomba atômica. No filme, a droga faz Lucy aumentar progressivamente a capacidade cerebral até 100%.

Possibilidades quase infinitas

O filme é dividido em capítulos. A cada novo capítulo, Lucy está com 10% a mais de capacidade cerebral. E para dar embasamento a isso, Morgan Freeman surge como um cientista especializado nas atividades cerebrais. Ele diz quer o ser humano usa em torno de 10% e diz ser impossível definir como seria um ser humano com uma capacidade cerebral maior do que esta, como a dos golfinhos que usam em torno de 20% da capacidade cerebral.

Conhecimento infinito

Aos poucos, ela vai se tornando robótica, não sente dor, prazer, aflição, medo... o seu olhar frio e distante fazendo dela cada vez mais um robô. Lucy passa a controlar objetos, pessoas, linhas de telefone, sinais de tv e chega até a viajar no tempo... tudo com o poder da mente.

SPOILERS

Ao final, Lucy chega aos 100% da capacidade cerebral e some, deixa de ser matéria e repassa todo o seu conhecimento acumulado para um pen drive que fica com o cientista Freeman. Uma teoria, que é melhor do que o próprio filme na verdade, diz que Lucy teria se tornado um sistema operacional - o que explicaria a Samantha do filme Ela, que vê tudo, está em todo lugar e inclusive tem a voz da própria Scarlett Johansson.

FIM DOS SPOILERS

Lucy... é ruim. Besson até tenta criar mais uma das suas malucas ficções científicas, mas não rola. No começo a ideia até parece promissora - uma droga que faz aumentar a capacidade cerebral - mas não desenrola bem. Desta vez a inexpressividade natural de Johansson serve bem à atuação, no caso para uma personagem quase robô. Freeman está no automático e não compromete.


Tudo fraco, muito fraco
Lucy é uma bela bomba de Besson apesar do bom ritmo, bons efeitos e boa edição frenética. A cada novo capítulo e mais 10% na conta da robótica personagem mais difícil fica nos mantermos conectados à história. O roteiro maluco de Besson desta vez passou bem dos limites.
Veja abaixo o trailer de Lucy.     
   

sexta-feira, 9 de março de 2018

SEXTA FEIRA EM APUROS (1995)

"Damn!"

SEXTA FEIRA EM APUROS (Friday / 1995) - Um filme de estreias. Pelo menos para Chris Tucker, Ice Cube e F. Gary Gray. O desbocado Tucker, que pouco depois ficaria famoso, fez aqui a sua estreia como ator. Ice Cube assinou o roteiro e a produção aqui, também pela primeira vez. A Gray coube organizar tudo, já que ele assumia pela primeira vez também, a cadeira de direção. E não dá para dizer que o esforço de todos não foi recompensado, já que Sexta Feira em Apuros foi um sucesso.

Gray, à esquerda, em ação

Em um subúrbio negro, dois amigos passam o dia conversando na varanda - já que um deles foi dispensado do emprego no dia anterior -, enquanto são alvo dos mais diferentes personagens daquele meio, como o fortão que rouba dos outros descaradamente, o pastor que tenta pregar sua fé, a vizinha que usa roupas provocantes, os pais que tentam moralizar seus filhos, os mais jovens que cometem pequenos crimes. Isso sem falar no tráfico de drogas e a rivalidade com os hispanos.

Desfile dos mais diferentes tipos de personagens

Chris Tucker improvisou boa parte das cenas no filme, por isso as reações são tão inesperadas dos demais atores quando dividem a cena com ele. O sucesso de Sexta Feira em Apuros foi o trampolim que Tucker precisava. Dois anos depois ele foi dirigido por Luc Besson e Quentin Tarantino, respectivamente nos filmes O Quinto Elemento e Jackie Brown. Que salto, hein?

Deebo, o valentão

O filme - rodado em apenas 20 dias - foi feito nas ruas do subúrbio onde o diretor F. Gary Gray cresceu em Los Angeles. Mas muitos moradores, descontentes com a presença da produção, à todo tempo assistiam as cenas, como se vigiassem o que a equipe estava fazendo.

Ponta de Bernie Mac

Um desfile de talentos - todos negros - que se tornariam atores de sucesso e apareceriam em tantas e tantas obras daquela época. Sexta Feira em Apuros é na verdade uma grande reunião de amigos que deu muito certo e rendeu duas sequências - Mais uma Sexta Feira em Apuros de 2000 e A Mais Louca Sexta Feira em Apuros de 2002. E os aqui estreantes - Chris TuckerIce Cube e F. Gary Gray - até hoje colhem bons frutos nas suas carreiras.
Veja abaixo o trailer de Sexta Feira em Apuros.


      

terça-feira, 6 de março de 2018

TRAMA FANTASMA (2017)

Estilista renomado

TRAMA FANTASMA (Phantom Thread / 2017) - Daniel Day-Lewis é um dos maiores atores vivos do cinema mundial. Já faturou 3 Oscar na carreira - Meu Pé Esquerdo, Sangue Negro e Lincoln - e concorreu outras 3 vezes - Em Nome do Pai, Gangues de Nova YorkTrama Fantasma. É o ator, ao lado de Jack Nicholson, com o maior número de indicações na história. Seria o maior ganhador isolado. Seria porque a estatueta de melhor ator neste ano ficou com Gary Oldman por Destino de uma Nação.

Woodcock e sua musa

De qualquer forma Lewis chocou o mundo do entretenimento quando disse que Trama Fantasma seria seu último filme e que agora só pensa na aposentadoria das telonas. O motivo? "Este filme me afundou numa profunda depressão."

Lewis aparece careca na premiere de Trama Fantasma
Bem, o que dizer... Trama Fantasma, que foi escrito, dirigido e produzido por Paul Thomas Anderson, é bem ruim. Mesmo. A carreira de Anderson, apesar de muito premiada, é uma grande montanha russa. Ele é capaz de ter momentos de genialidade como Boogie Nights, Magnolia e Sangue Negro. E outros de quase colapso como O Mestre, Vício Inerente e esse Trama Fantasma.

Anderson, à direita, em ação

A história é baseada no estilista espanhol Cristóbal Balenciaga, que aqui recebe o nome de Woodcock (Lewis). Um homem que sabe do talento que tem, é procurado por mulheres até da realeza para ter seus vestidos desenhados, começa a se envolver com uma garçonete (Vicky Krieps, que é a cara da Meryl Streep no comecinho de carreira), em quem ele vê algo especial. Em pouco tempo, ela já está morando na casa dele.

Parece Meryl Streep novinha, não parece?

Mas a relação dos dois, ao contrário do que ela espera, é puramente profissional. Woodcock usa o corpo dela - esguio e "perfeito para o que eu preciso", como ele mesmo diz - como um manequim vivo. O problema está na diferença do que os dois esperam dessa proximidade.

Mais amigos do que namorados?

Com o tempo o convívio se torna difícil. A irmã de Woodcock (Lesley Manville, que concorreu ao Oscar de atriz coadjuvante, sendo superada por Allison Janney em Eu, Tonya) é a principal mentora profissional do irmão e não ajuda em nada a relação. Tudo azeda e desanda, mas não preciso entrar em detalhes de como isso acontece.

A implacável irmã

O filme em si não se ajuda. Trama Fantasma é lento e tem música incidental (bela por sinal) em cada uma das cenas do começo ao fim. Os personagens requintados e de fala mansa arrastam a experiência e Trama Fantasma não empolga. Há que se dar o braço a torcer a Anderson pelas cenas belamente captadas, grandes closes e um detalhamento cuidadoso, mas fica nisso. Nem Lewis que mais uma vez está muito bem, segura Trama Fantasma. Não é à toa que ele ficou deprimido depois de trabalhar neste filme.
Veja abaixo o trailer de Trama Fantasma.  
 


sexta-feira, 2 de março de 2018

TRÊS ANÚNCIOS PARA UM CRIME (2017)

Nas placas de publicidade o protesto de uma mãe

TRÊS ANÚNCIOS PARA UM CRIME (Three Billboards Outside Ebbing, Missouri / 2017) - Em seus dramas, Martin McDonagh sempre flertou com a comédia. Nas outra três produções em que esteve envolvido, seja escrevendo, produzindo ou dirigindo - ou os três - foi assim. Na Mira do Chefe, o primeiro dessa pequena lista, é de 2008. Levou 10 anos para McDonagh estourar.

McDonagh, à direita, em ação

Em Três Anúncios para um Crime - título mais descritivo que esse não existe! - Mildred Hayes (Frances McDormand) faz exatamente isso, logo na primeira cena. A mulher gasta suas economias alugando 3 outdoors em uma das entradas/saídas na pequena cidade de Ebbing, Missouri e coloca lá frases chocantes cobrando o xerife local sobre a solução de um crime acontecido há meses: o estupro e assassinato da sua filha Angela Hayes. 

Sem razão para sorrir

Aliás Mildred, a personagem de McDormand, é muito parecida com a Marge, sua personagem em Fargo, comédia/drama dos irmãos Coen de 1996 e que a premiou com o Oscar. Uma é policial, a outra afronta policiais, mas as duas são duronas, mulheres fortes e que peitam o sistema machista de uma pequena cidade do interior dos EUA. Será que McDormand pode sonhar com uma segunda estatueta? Pode e deve...

Uma mulher que carrega sofrimento e não esconde isso

Mildred é a alma de Três Anúncios para um Crime. Bom, pelo menos na primeira meia hora. Porque a partir daí o filme muda de foco, abrindo espaço para o xerife Bill Willoughby (Woody Harrelson) que vive também um drama pessoal. E mais, Bill representa a polícia que ainda não achou o culpado pelo crime e por isso tem que enfrentar Mildred - que vive de cara fechada, amargurada e sem abertura para nada nem ninguém - e chefiar os demais policias da pequena delegacia. Já está na hora de Harrelson ser agraciado com o Oscar. Ele já concorreu outras duas vezes com O Povo contra Larry Flint e O Mensageiro

Será a vez de Harrelson?

Um dos comandados de Bill é o oficial Dixon (Sam Rockwell), um cara que tem papel fundamental na representação do cara que se torna policial por acaso e acha que por isso pode-se fazer de tudo, mesmo que seja fora da lei. Carrega consigo algumas acusações de racismo e tortura e, como maioria da cidade de Ebbing, não tolera Mildred Hayes. Rockwell disputa com Harrelson o Oscar de ator coadjuvante.

O odiável policial de Rockwell

A trama de Três Anúncios para um Crime é centrada nestes três personagens, mas muitos outros aparecem pelo caminho e ajudam a formar uma teia interessante de eventos que nos fazem ficar amarrados e estranhamente conectados ao filme e seus personagens que não são sempre bons e não são sempre ruins. 

A problemática família de Mildred

Viradas no roteiro são constantes. A montagem eficiente dita o ritmo. Mas estão nas atuações o grande trunfo do filme. Além disso, a película não pede por respostas, nem as deixa claras sobre a mesa. Não. Três Anúncios para um Crime é muito mais a jornada percorrida do que a chegada em si. E o final em aberto - sobre um determinado aspecto da trama - deixa isso claro. Não faz falta a resposta. A viagem àquela pequena cidade de pessoas nem tão amáveis nem odiosas já foi feita.

As placas de publicidade com os protestos 

Veja abaixo o trailer de Três Anúncios para um Crime.