sexta-feira, 6 de abril de 2018

BAIXIO DAS BESTAS (2006)

Dira Paes na cena-cartaz do filme

BAIXIO DAS BESTAS (2006) - Desde 2000 o estado do Pernambuco vem ganhando força no cenário cinematográfico nacional. Não só pelo lançamento de obras importantes e premiadas internacionalmente, mas também por ser o berço de nomes relevantes para a nossa sétima arte, como Marcelo Gomes de Cinema, Aspirinas e Urubus, Kleber Mendonça Filho de O Som ao Redor e Aquarius, e Cláudio Assis de Amarelo Manga e deste Baixio das Bestas.

Uma das muitas cenas fortes do longa

Zona da mata de Pernambuco. Um cidadezinha não citada é um retrato de pessoas e situações das mais absurdas no que se diz respeito a abuso e violência moral e sexual. Seu Heitor (Fernando Teixeira) é um avô que leva toda semana - mais de uma vez se preciso for - sua neta de 16 anos Auxiliadora (Mariah Teixeira) para ser "apreciada" pelos caminhoneiros num posto de gasolina de beira de estrada. O velho recebe da dona do posto que com essa "atração" recebe mais visitantes.

O avô leva a neta pros fundos do posto

Cícero (Caio Blat) é um jovem bem de vida que estuda no Recife e volta de vez em quando para casa na pequena cidade. Nessas voltas, gasta suas noites e madrugadas com os amigos, principalmente Everardo (Matheus Nachtergaele), bebendo, se drogando e fazendo arruaça. Um dos passatempos prediletos é ir a uma casa de prostituição que tem Dora (Dira Paes) como uma das empregadas.

A casa de prostituição

As histórias é claro, se cruzam. E Auxiliadora que é calada, tímida, fechada e sofre abusos do próprio avô (que dizem que na verdade é o seu pai), acaba sendo abusada por Cícero que com uma arma força a menina ao sexo. Tudo muito cru e com destino cruel pra todos os personagens da trama.

Misoginia

O roteiro de Hilton Lacerda - o mesmo de Baile Perfumado, Amarelo Manga e Árido Movie -, a direção de Cláudio Assis e os atores fenomenais fizeram de Baixio das Bestas um filme premiado em festivais em Paris, Rotterdam e Brasília. A fotografia belíssima que mistura o árido, seco com os verdes campos de cana de açúcar são outro destaque do filme.

Bela fotografia

Baixio das Bestas choca porque se propõe a isso desde a primeira cena que mostra o avô despindo a neta no fundo de um posto de gasolina. Não é um filme fácil. Dá nojo de cada um dos personagens. O de Matheus Nachtergaele em determinado momento, quebra a quarta parede e diz olhando pra câmera: "no cinema tu pode fazer o que queres." A misoginia explícita em vários momentos rebaixa Baixio das Bestas a um filme que poderia ir além sem ir tão fundo.

"No cinema tu pode fazer o que tu queres"
Mas como o intuito é chocar vale então enfiar cabo de vassoura no ânus da prostituta... vale ver a neta tocada por caminhoneiros imundos... vale chutar a cabeça da mulher que se negou ao prazer anal. Mas agora sem ironia... será que vale mesmo? De qualquer forma vale como retrato da realidade que escancara e ela nem sempre é doce como cana de açúcar.  
Veja abaixo o trailer de Baixio das Bestas.

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